Ano 7 - Nº 7 - 1/2013

Mais Dez Anos de Linguística Aplicada no País

Resumo

Este artigo é a segunda republicação na Revista Helb de textos do Professor Francisco Gomes de Matos sobre a cronologia histórica de eventos que marcaram o desenvolvimento da Linguística Aplicada no Brasil. No artigo Mais 10 anos de Linguística Aplicada no Brasil: 1975-1985, o Professor Gomes de Matos apresenta os fatos mais significativos no campo da LE ano a ano, com os respectivos eventos relevantes ocorridos. Essa republicação é precedida de um posfácio dialogado, cujo objetivo é o de reaproximar o autor de seu texto escrito há quase trinta anos. Assim, neste posfácio, o Professor Gomes de Matos reflete sobre a aproximação da Linguística Aplicada ao campo da Educação e destaca suas ideias e frases que foram embrionárias de seu projeto atual: a Linguística para a Paz.

ABSTRACT 

This article is Revista Helb's (Helb Magazine) second republication of Dr. Francisco Gomes de Matos' historical chronology of events that marked the development of Applied Linguistics in Brazil. In the article "10 More Years of Applied Linguistics in Brazil: 1975-1985", Dr. Gomes de Matos presents important events in the field of Applied Linguistics year by year, with the respective relevant occurring events. This republication is preceded by a dialogued afterword, whose objective is to reconnect the author to his text written almost thirty years ago. Thus, in this afterword, Dr. Gomes de Matos reflects on the approximation of Applied Linguistics to the field of Education and highlights his ideas and phrases that were embryonic to his current project: Linguistics for Peace.

Posfácio dialogado com Professor Francisco Gomes de Matos sobre seu artigo “Mais 10 anos de LA no Brasil”

Denise Damasco:         Bom dia Professor Gomes de Matos. Com muita alegria entramos em contato mais uma vez com o Sr para darmos continuidade à série de publicações de seus artigos dos anos 1980 na Revista Helb. Estamos ancorados em seus artigos publicados originalmente na Revista Vozes que foram cordialmente cedidos pelo Sr, para serem republicados na Revista Helb números 6 e 7. Seu primeiro artigo republicado pela Helb, edição n.6: “1965-/1975: Dez anos de Linguística Aplicada no Brasil”, posfaciado e dialogado com nosso Prof Almeida Filho nos lança nesta aventura de retomar esse momento histórico tendo o Sr conosco, presente, nos contando aquilo que ficou de mais relevante. Ao darmos continuidade a nosso projeto de republicação de seus artigos, início nossa conversa retomando seus últimos parágrafos desse primeiro artigo por nós republicado na HELB n. 6 quando o Sr encerra sua explanação com uma questão e um pensamento final. Eu os recopio abaixo:

E O PRÓXIMO DECÊNIO?

                Que a década de 1975-1985 seja caracterizada por uma produtividade verdadeiramente efetiva, isto é, por uma atividade centrada em problemas educacionais prioritários como é o caso do seguinte programa a ser pesquisado por uma equipe dirigida por Miriam Lemle e Anthony J. Naro (UFRJ): “Comparação da competência Linguística evidenciada na língua falada por adultos em estágio de alfabetização incipiente com a competência que deve ser adquirida para a compreensão e produção de textos escritos de dificuldade média”.

PENSAMENTO FINAL:

Que no decênio 1975-1985 nossa Linguística Aplicada seja mais e mais Educacional. Para isso, é imprescindível que haja uma aproximação entre os especialistas em Linguística Aplicada e os da ciência-arte da Educação a fim de juntos contribuírem para uma maior eficácia do sistema educacional brasileiro.

Denise Damasco: Ao apresentarmos aos leitores da HELB n.7 seu segundo artigo que será republicado: “Mais dez anos de Linguística Aplicada no Brasil: 1975-1985” gostaríamos de lhe perguntar: O Sr acredita que houve uma efetiva produtividade em nossa área, centrada em problemas prioritários educacionais?

Gomes de Matos:  Sim. Diria que houve uma promissora produtividade em nossa área, centrada em problemas prioritários educacionais. Opto pela adjetivação "promissora" porque, a rigor, não houve condições, naquele período, de avaliar-se efetividade das aplicações. Ao dizer que o saldo foi "promissor", transmito as expectativas positivas partilhadas pelos linguistas aplicados brasileiros que atuaram no decênio documentado.

Denise Damasco: Fomos então ao encontro de seu pensamento final: fomos mais Educacionais?

Gomes de Matos:  Sim. Fomos mais educacionais, na medida em que as aplicações da Linguística, de 1975 a 1984 (inclusive) destinaram-se, primordialmente a fins educacionais. Faço sugestões aos leitores, para que possam "ler em profundidade" minhas anotações cronológicas. A intenção foi de informar a respeito de algumas das características distintivas da Linguística Aplicada que se fazia no Brasil (em alguns casos, no exterior). Aproveito esta oportunidade para sugerir aos leitores que, ao processarem os dados, considerem a fraseologia por mim usada, por ser reveladora das intenções profissionais dos linguistas aplicados naquele decênio. Eis minha seleção fraseológica, a ser complementada por suas escolhas, caro (a) leitor (a): "problemas de Linguística Aplicada", "orientação de professores", "aplicações da Análise do Discurso", "potencial aplicativo da Ciência da Linguagem", "Linguística aplicada ao aprimoramento do ser humano" (esta frase, usada em 1983, pode ter sido embrionariamente precursora do que, 19 anos mais tarde, eu chamaria de Linguística da Paz. Cf. meu livro Comunicar para o Bem. Rumo à Paz Comunicativa. São Paulo, editora Ave Maria, 2002 e acesse, em www.estudenaaba.com - clicar em pôsteres -- meu pôster Linguística da Paz: Uma Cronologia),"aplicar conhecimentos da Linguística para fins socioeducacionais e culturais”.  Aproveito para chamar a atenção dos leitores para minha caracterização interdisciplinar de Linguística Aplicada em uma das entradas referentes ao ano de 1983. Ali, afirmo que "A rigor, Linguística Aplicada é a descoberta (hoje, diria “identificação”...) e o aproveitamento criativo dos insights e resultados das pesquisas da Linguística e de outras ciências e artes em benefício dos seres humanos como usuários de línguas". Atualmente é fácil constatar-se essa pluridimensionalidade da Linguística Aplicada: basta acessar-se o site da The Encyclopedia of Applied Linguistics, organizada por Carol A. Chapelle (edição da John Wiley & Sons, 2012) e tomar conhecimento das 27 áreas componentes da Linguística Aplicada. Aliás, sugiro que se baixe a lista (ordem alfabética) das entradas dessa monumental enciclopédia online para ter uma ideia bem concreta da imensa variedade de problemas de que se ocupam ou podem ocupar-se os linguistas aplicados contemporâneos. Como linguista da paz, fiquei feliz ao encontrar um verbete sobre Teaching Language for Peace, de autoria da brasileira (radicada em Arizona) Patricia Friedrich. Sugiro também que, no processamento desta Cronologia, encontrem-se exemplos de ações pioneiras de linguistas aplicados brasileiros - no país e no exterior e, também, iniciativas, realizadas no Brasil, por linguistas aplicados de outros países. Um exemplo: a publicação (1979) do livro Psicolinguística Aplicada ao Ensino de Línguas, da saudosa linguista aplicada romena Tatiana Slama-Cazacu. Atente-se também para a ocorrência de "Criatividade" em algumas das entradas, pois essa dimensão cognitiva-linguística foi pioneiramente trabalhada no Brasil. Espero que essa tradição frutifique na área de Ensino-Aprendizagem de Português para Usuários de Outras Línguas. (Para minha modesta contribuição sobre criatividade linguística, veja-se meu livro Criatividade no Ensino de Inglês, publicado pela DISAL, SP, 2004). Para finalizar, sugiro que se busquem ocorrências de "educação", "educacional ","Secretarias de Educação". Valerá a pena enumerar as instituições-organizações mencionadas (nacionais e regionais, internacionais) e as revistas citadas.

Denise Damasco: Constato que o Sr nos brindou com alguns destaques em sua releitura de seus artigos, tais destaques são importantes de serem feitos em nossa leitura contemporânea. O Sr fez o link com suas atividades atuais, como linguista da paz. Que privilégio professor! Temos muito que agradecer! Mas continuo um pouco mais nesse nosso diálogo. Observo que escolas como Yázigi para o ensino de línguas, e em minha área, associações de cultura como a Aliança Francesa, tiveram um papel fundamental também na formação de professores. Vejo a relevância de destacar a importância histórica das mesmas, no caso do Yázigi, entretanto observo que caminhamos em outra direção atualmente em termos de formação de professores/as, quando tais escolas desde 2002 são consideradas cursos livres ou escolas livres, sem a obrigação de contratação de professores/as, mas sim instrutores que podem ter apenas o ensino médio, sem a formação acadêmica em linguística aplicada. Como é sua visão atual de tais instituições de ensino e esta questão?

Gomes de Matos: Sua pergunta é complexa, pois tem a ver com o papel das redes de escolas de línguas. No período em que atuei mais intensamente em Linguística Aplicada: em São Paulo: 1966-1979. Esse foi o período em que dirigi o Centro de Linguística Aplicada Yázigi. Como você mencionou esse Instituto, caberia destacar o papel estratégico por ele exercido na fase acima. Por estratégico, entenda-se engajamento no esforço de implantação da Linguística Aplicada, principalmente entre professores de línguas. Assim, o Yázigi contribui de várias maneiras à implantação da LA. Aponto estas: 1. Por recomendação do PILEI, Programa Interamericano de Linguística y Enseñanza de Idiomas, fundou o Centro de Linguística Aplicada em São Paulo. Fui seu primeiro Diretor (1966-1979). O Yázigi disponibilizou pessoal técnico (administração e pedagogia), espaço e recursos materiais e financeiros. Ofereceu sua infraestrutura editorial para publicação de livros elaborados segundo princípios da Linguística Aplicada da época.2. O CLA-Yázigi lançou um boletim internacional pioneiro: Creativity. New Ideas in Language Teaching. 3. Planejou e copatrocinou uma série de Seminários Brasileiros de Linguística -- em várias capitais -- destinados a professores de línguas.  Em um desses Seminários (Recife, julho de 1968), plantou-se a semente do que, em São Paulo,1969, viria a ser a ABRALIN, Associação Brasileira de Linguística. 4. O CLA-Yázigi patrocinou a participação deste linguista aplicado em Congressos da AILA (Cambridge, Inglaterra, 1969; Stuttgart, 1974; Montreal, 1978). Essa participação possibilitou meu engajamento no trabalho do AILA Bureau, grupo co-gestor da referida associação internacional de Linguística Aplicada. 5. O CLA-Yázigi incentivou o uso de conceitos-chave da Sociolinguística na elaboração de material didático para ensino de inglês a brasileiros e português a estrangeiros.

Você sabia que o primeiro livro de Linguística Aplicada ao Ensino de Português foi a tradução-adaptação, por Rodolfo Ilari, de Linguistique et Enseignement du Français, de Gallison e Coste, salvo engano...)? Ilari adaptou os exemplos para o português. Outra influência francesa notável: a tradução, portuguesa (publicada pela Livraria Almedina, Coimbra), Dicionário de Didáctica de Línguas (original de Gallison e Coste). Em minha formação como linguista, uma das fontes mais inspiradoras foi o volumezinho LE LANGAGE, volume da Encyclopedie de la Pleiade, organizado por André Martinet. Nele, há artigos que podem ser considerados clássicos em Linguística Aplicada, por exemplo, Linguistique et Enseignement de Langues do saudoso Guy Rondeau. Ainda falando sobre influência francesa: fui aluno-ouvinte de Guy Capelle, no Linguistic Institute of the Linguistic Society of America, Indiana University, Bloomington, Verão de 1964... Privei da amizade dele. Jantei com ele em Paris (ele tinha vinícola própria). Privei da amizade de Denis Girard, naquele tempo Inspecteur Générale de l’Enseignement des Langues (Paris). Uma informação que você desconheceria: durante minha gestão como Diretor do Centro de Linguística Yázigi em São Paulo, tive o prazer de conviver com Mário Laranjeira (USP). A convite meu, ele elaborou o Cours de Français Parlé, para uso na rede Yázigi. Tive bons amigos, tanto na França quanto na Bélgica (o grupo da AIMAV: Marcel De Grève, Frans Van Passel,...). Você mencionou a Aliança Francesa... Foi na de São Paulo que Roman Jakobson pronunciou memorável conferência. Eu fui o chauffeur dele, na ocasião. Para fechar estas reminiscências: graças a meus bons contatos com linguistas aplicados franceses, pude me aproximar da UNESCO-Paris e cheguei a publicar um texto (por encomenda da Divisão de Educação) em inglês (foi traduzido para o francês), em 1983, intitulado A pluridisciplinary checklist for evaluation of materials used in mother tongue education in Brazil. Possivelmente, o primeiro instrumento para avaliação interdisciplinar (conceitos-chave de 10 áreas) de material didático para ensino de língua materna.

Um fato auspicioso referente ao Ensino de Línguas no Brasil é o oferecimento de francês, alemão, espanhol, português para estrangeiros e mandarim em escolas de línguas. Essas iniciativas dão sustentabilidade ao Plurilinguismo Educacional entre nós. Vale observar que Mandarim já começa a aparecer no ambiente escolar. Exemplifico: o Colégio Madre de Deus (Recife), onde estuda minha neta Marina, incluiu Mandarim. Assim, em que pese o predomínio do Ensino de Inglês, o brasileiro pode optar por outros idiomas, graças às escolas de línguas ou a iniciativas de instituições da rede escolar.

Em suma, na história da LA no Brasil, há que se registrar e reconhecer o papel estratégico do Instituto de Idiomas Yázigi, por meio de seu Centro de Linguística Aplicada. Após meu regresso ao Recife, em 1980, deixei de acompanhar o trabalho do Instituto e me concentrei em atividades acadêmicas, na UFPE. Você se refere à rede das escolas da Aliança Francesa. Não me sinto devidamente informado para caracterizar a atuação dessa rede e de outras (ensino de inglês, espanhol), mas partilho de sua apreciação de que no que diz respeito à formação continuada de professores e da exigência de bacharelado em Letras ou áreas afins, que talvez esse objetivo não esteja sendo universalmente satisfeito no Brasil. Difícil  generalizar sem incorrer em interpretação injusta, por isso, restrinjo meu comentário ao fato de que em algumas redes de ensino, busca-se capacitação profissional por meio de participação de coordenadores pedagógicos em eventos nacionais e internacionais. No caso do ensino de inglês, a experiência de docentes em eventos realizados pela TESOL, IATEFL. Posso, entretanto, referir-se à situação na ABA - Associação Brasil América- Recife, Centro Binacional de que sou cofundador e atual presidente do Conselho. Em seus 23 anos de atividades, a ABA tem priorizado a qualificação e a formação de seu corpo docente, tanto a língua, a cultura quanto pedagogicamente. Outra dimensão de que vem se ocupando a ABA: o apoio às iniciativas internacionais em favor da Paz (Linguística da Paz, no caso) e de Resolução de Conflitos e do Direito à Paz. O acesso aos pôsteres de minha autoria, produzidos na ABA dá uma ideia dos horizontes bem amplos com que a ABA enfrenta os desafios desta era da aprendizagem digital, e de novas maneiras humanizadoras de se aplicar à linguística: a Linguística do Não Matar (cf. o site www.nonkilling.org). Em suma, as redes de escolas de línguas têm seu papel no contexto educacional: buscam satisfazer as necessidades e os interesses de aprendizes de línguas. Em alguns casos, tais sistemas oferecem a seus professores oportunidades para profissionalização além do estritamente pedagógico. Se, entretanto, considerarmos os usos de resultados de pesquisas em Linguística Aplicada nessas redes de escolas, o saldo deixaria a desejar, pois essas aplicações tendem a ocorrer em Centros de Línguas mantidos por universidades (com suporte de Programas de Pós-Graduação, como é o caso bem inspirador da UnB, onde se publica Horizontes em Linguística Aplicada). Bom, o assunto é atraente, mas complexo. Que a iniciativa pioneira de vocês, resgatando um pouco da História da Linguística Aplicada no Brasil, contribua para o surgimento de vocações na respectiva área e, assim, possamos conhecer, de maneira mais sistemática e precisa, o que se vem fazendo em LA, de 1985 para cá. Que dissertações e teses centradas em LA no Brasil sejam elaboradas, apresentadas e divulgadas. Espero ter respondido sua pergunta adicional e que minhas palavras sejam acolhidas como um incentivo a todos os que se dedicam à Linguística Aplicada, em suas diversas manifestações. Um abraço,

Francisco Gomes de Matos
Professor Emérito de Linguística, Universidade Federal de Pernambuco, Recife. Por formação, linguista aplicado. Por dedicação atual, engajado no desenvolvimento de uma Linguística Aplicada à Paz.

Denise Damasco:  Agradecemos imensamente sua releitura, os destaques que o Sr fezem seu artigo, incentivo para que novos pesquisadores (as) se inspirem e se aprofundem em diversas questões. Nossa área é realmente atraente Professor, Gomes de Matos. Convidamos nossos leitores a se lançarem nesta leitura, artigo intitulado: Mais dez anos de Linguística Aplicada no Brasil: 1975-1985 e publicado originalmente pela Revista de Cultura Vozes. Junho e Julho 1985.

Entre Brasília e Recife, 21 de dezembro de 2012.

 

MAIS DE 10 ANOS DE LINGÜÍSTICA APLICADA NO BRASIL: 1975-1985

Publicamos, no número de janeiro-fevereiro de 1976 da Revista de Cultura Vozes. p. 48-57, um levantamento intitulado 10 anos de Lingüística aplicada no Brasil: 1965-1975. Daremos, agora, continuidade àquele balanço focalizando alguns dos fatos mais significativos ocorridos nos últimos 10 anos. A exemplo da primeira parte, esta não tem a pretensão da exaustividade, mas de destacar realizações positivas no campo da lingüística aplicada, particularmente ao ensino-aprendizagem de línguas (portuguesa e estrangeiras). Esperamos que estes dados contribuam para a elaboração, daqui a outro decênio, de uma “História da Lingüística Aplicada no Brasil”. Adotar-se-á a identificação de cada ano, para ajudar o leitor a situar os eventos temporalmente.

1976

Simpósio pioneiro sobre Línguas Minoritárias no Brasil, presidido por Nélson Rossi, realizado no encontro anual da Associação Brasileira de Lingüística durante a 28º reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) em Brasília. Aborda os problemas de falantes de línguas indígenas, asiáticas, européias e africanas.

Publicação de Lingüística aplicada ao ensino de inglês, de F. Gomes de Matos, pela McGraw-Hill, São Paulo. A obra foi objeto de recensão por Jonh Jensen, em The Modern Language journal (USA), vol. LXIII,  n. 3, 1977.

Comentário (sobre a Lingüística aplicada no Brasil) pelo lingüista norte-americano Anthony J. Naro, em  Tendências atuais da Lingüística e da Filosofia no Brasil (Rio de Janeiro, Francisco Alves): “No campo da Lingüística aplicada, quase todo o trabalho se concentra no Centro de Lingüística Aplicada do Instituto de Idiomas Yázigi em São Paulo” (p. 99).

IX Seminário Brasileiro de Lingüística, em Porto Alegre, de 26 a 30 de julho, co-patrocinado pelo CLA-Yazigi, AIMAV, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Secretaria de Educação e Cultura do Rio Grande do Sul. Temática do encontro: “Por uma metodologia humanista no ensino de línguas”. O sucesso do evento se deveu, em grande parte, ao dinamismo de Wilson Guarany, então Diretor do CLA-Yazigi da capital gaúcha. Esse lingüista aplicado desapareceria prematuramente anos depois.

Registra-se, também nesse ano, a primeira vinda ao Brasil do lingüista belga Marcel de Greve, atualmente presidente da AIMAV, Associação internacional para Comunicação Intercultura.

1977

Lançamento de nova edição do Dicionário de Filosofia e Gramática, do saudoso J. Mattoso Camara Jr. com o título de Dicionário de Lingüística e Gramática, pela Editora Vozes, de Petrópolis. Essa sétima edição teve um Posfácio, de autoria de F. Gomes de Matos. Dentro os verbetes acrescentados: Lingüística aplicada, Psicolingüística, Sociolingüística, Gramática do usuário.

Resenha de Lingüística aplicada ao ensino de inglês, de F. Gomes de Matos, pelo lingüista Milton M. Azevedo, no “Suplemento Literário” do jornal Minas Geral, de 18 de junho. A recensão foi transcrita no n. 27 do boletim Creativith: New ideas in language teaching (p. 2-3), do CLA-Yazigi. Esse órgão, pioneiro no gênero no Brasil e internacionalmente, foi publicado de janeiro de 1973 a julho e 1980 sob a direção do Professor Arnold Green Short.

1978

Publicação da coletânea Lingüística e ensino vernáculo, organizada por Lúcia M. P. Lobato. Trata-se de um número especial (53-54) da revista Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, Editora Tempo Brasileiro.

Lançamento de Português do Brasil para estrangeiros em abril, durante Seminário da AIMAV sobre Criatividade e Dinâmica de Aprendizagem, em Bruxelas, Bélgica; na mesma ocasião lançou-se também a coleção didática Junior English program, uma abordagem ecológica ao ensino de inglês a crianças; ambas elaboradas no CLA-Yázigi, São Paulo.

Aparecimentos de Rumos da Lingüística (teoria e aplicabilidade), da lingüística Margot Levi Mattoso, co-edição da Vozes e Instituto Estadual do Livro, Rio Grande do Sul. Destaque-se o ensaio “Lingüística aplicada, tecnologia educacional e treinamento de professores”. Registre-se que, graças ao empenho dessa lingüística aplicada gaúcha, foi possível instituir-se um Centro de Lingüística Aplicada no Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Publicação da tradição brasileira de Teorias Lingüísticas, gramáticas e ensino de línguas, do lingüista suíço Eddy Roulet, pela Pioneira, São Paulo. Tradução feita por Geraldo Cintra, um dos pioneiros da Lingüística aplicada no Brasil.

Estabelecimento do Projeto Nacional de Ensino de Inglês Instrumental em Universidades Brasileiras, em outubro, PUC-SP, sob a coordenação de Maria Antonieta Alba Celani. Esse projeto publica um boletim, The especialist.

Lançamento de Conversational english program for adults, elaborado por F. Gomes de Matos, José Carlos Gonçalves e A. Green Short, publicado pela Difusão Nacional do Livro, São Paulo. A exemplo de Português do Brasil para estrangeiros, utilizou-se um enfoque sociolingüístico nos exercícios sobre variação dos usos.

Publicação de Estrutura da Língua portuguesa, de Ataliba T. de Castilho et alii, vol. V de “Subsídios à proposta curricular de língua portuguesa para o 2º Grau”, São Paulo, Secretaria de Educação, Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas e UNICAMP. Este é um exemplo da atenção agora crescente, das Secretarias de Educação para com os lingüistas e a utilização destes em benefício da orientação de professores de língua portuguesa de 1º e 2º Graus.

1979

Realização do I Encontro Nacional de Professores Universitários de Inglês (ENPULI), na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, em janeiro. O encontro mais recente foi o VII ENPULI, em julho de 1985, na Universidade Federal do Ceará. A iniciativa PE da ABRAPUI, Associação Brasileira dos Professores Universitários de Inglês, fundada no Rio de Janeiro a 15 de janeiro de 1970.

Publicação pioneira, em língua portuguesa, de Psicolingüística aplicada ao ensino de línguas, da lingüista romena Tatiana Slama Cazacu, na coleção “Biblioteca pioneira de Lingüística”, São Paulo, Pioneira.

Publicação de capítulo sobre Lingüística aplicada, por Mônica Rector, em  Manual de Lingüística (Cidmar Teodoro Pais et alii), Petrópolis, Vozes, p. 151-178.

1980

O autor deste levantamento deixa a direção do Centro de Lingüística Aplicada Yázigi, São Paulo, após 14 anos à frente daquele órgão.

Realização V Instituto Interamericano de Lingüística e VII Instituto Brasileiro de Lingüística na UNICAMP, São Paulo, de 3 de janeiro a 15 de fevereiro. Houve um colóquio sobre Perspectivas européias e interamericanas da Lingüística aplicada, no qual foi apresentada uma comunicação sobre a “Produtividade da Lingüística aplicada nas Américas” por F. Gomes de Matos. Destaque-se também ao ensino de português, por Mary Kato.

Comemoramos então 10 anos do funcionamento do Programa de Lingüística Aplicada ao Ensino de Línguas, da PUC-SP.

O n. 5 dos Cadernos PUC-SP foi dedicado à Lingüística aplicada. Dentre as contribuições, salienta-se “A rotulação de itens supostamente gírios em dicionários de língua portuguesa” de Jonh R. Shmitz.

Publicação de livro didático muito influenciado pela Lingüística: Português atual: leitura e redação, do David Mandryk e C. Alberto Faraco, Editora Vozes, Petrópolis. Os autores pertencem à dinâmica e promissora geração de jovens lingüistas que acreditam no potencial aplicativo da ciência da linguagem. Estão ligados à universidade Federal do Paraná.

1981

Coletânea Temas de Lingüística aplicada, de Augostinus Staub, outro pioneiro da Lingüística aplicada em nosso país, Thesaurus Editora, Brasília.

Publicou-se uma versão modificada e ampliada de uma tese de doutoramento (UFRJ) de Enny Marins de Lima, sobre Teoria transformacional e ensino de línguas, na coleção “Lingüística e Filosofia”, coordenada por Carlos E. F. Uchôa, Ao Livro Técnico, Rio de Janeiro.

Tem início uma nova fase na vida da Associação Brasileira de Lingüística com a publicação de seu Boletim ABRALIN. No primeiro número há sete textos apresentados nas mesas redondas sobre “Reforma ortográfica” e “O ensino da Gramática”.

O autor deste levantamento integra o grupo de lingüística aplicados internacionais, co-autores do volume Anual Reviw of Applied Linguistics – 1980, organizado por Robert B. Kapllan e publicado por Newbury House, editora americana. Título da contribuição de F. Gomes de Matos: “Structural-Cognitive approaches and texts”.

Primeira tese de doutorado em Lingüística aplicada ao ensino de português defendida no novo programa (doutorado) da PUC-SP: “Orações relativas: dificuldades na produção escrita”, de Maria Cecília Pérez de Souza e Silva, sob a orientação de Mary Kato.

Realização do IX Simpósio do Programa Interamericano de Lingüística e Ensino de Idiomas (PILEI), em Cornell University, Ithaca, New York, sob a presidencia de F. Gomes de Matos que, em sua conferência de abetura, abordou o tema “From reconvergence teaching”. Os anais do evento foram publicados em 1984, com o título Language in the Americas, volume organizado por Donald F. Solá sob os auspícios do Latin American Studies Program da referida universidade americana.

1982

O número 4, maio, do boletim da ABRALIN registra os títulos de dissertações e teses defendidas em 14 universidades brasileiras. Muitos desses estudos focalizam problemas de Lingüística aplicada.

Realização do I Encontro de Bilingüismo e Variação Lingüística, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Lançamento de Leitura: teoria e prática, revista da Associação de Leitura do Brasil; Faculdade de Educação, UNICAMP, Campinas, São Paulo.

Reunião da ABRALIN durante a 34º SBPC em Campinas (de 6 a 14 de junho). Incluiu o curso “Lingüística e leitura”, ministrado por Angela Kleiman e uma miniconferência sobre Psicolingüística.

O INEP-MEC promoveu em abril um Seminário Onterdisciplinar sobre Aprendizagem da Língua Materna, em Brasília, Distrito Federal.

Publicação de Português no II Grau, Teoria gerativo-transformacional aplicada e metodologia de ensino, de Teresinha de Moraes Brenner, Porto Alegre, Editora Movimento. Trabalho testado de 1978 a 1980 em escola de 2 grau.

Aparecimento de cartilhas bilíngües (Karajá-Português) em que são utilizadas diferenças entre a fala masculina e a feminina ocorridas naquela comunidade indígena. A edição é do Summer Institute of Linguistics, Brasília, Distrito Federal. Registre-se também outro pioneirismo dessa instituição norte-americana: o lançamento de um livro de Estudos sociais em Karajás-Português.

1983

CNPq e IBICT co-patrocinaram a publicação de Sumários correntes em Lingüística, ajudando na atualização bibliográfica (revistas brasileiras e do exterior) de lingüistas brasileiros. Dá-se atenção a publicações de Lingüística aplicada.

VIII Instituto Brasileiro de Lingüística em Recife, em janeiro e fevereiro. Foram ministrados três cursos de Lingüística aplicada: Lingüística e leitura (Mário Perini), Patologia da Linguagem (Antônio Firmino de Paiva) e Lingüística e redação ( F. Gomes de Matos).

O Boletim da ABRALIN, n. 4, maio, contém os textos apresentados no Simpósio sobre a relevância científica e pedagógica da Lingüística no Brasil.

Lançamento da revista Trabalhos em Lingüística aplicada, do Departamento de Lingüística Aplicada, Instituto de Estudos da Linguagem, UNICAMP, Campinas, São Paulo.

Aparecimento da tradução brasileira da obra Psicolingüística aplicada,  do lingüista italiano Renzo Titone, São Paulo, Summus Editorial.

Outra tradução: Ensino de línguas para adultos, do lingüista belga Frans Van Passel, com o acréscimo de uma “Bibliografia suplementar comentada”, de autoria de F. Gomes de Matos, São Paulo, Pioneira.

Publicação de Lingüística de texto: o que é e como se faz, de Luiz Antonio Marcuschi, Recife, universidade Federal de Pernambuco, Série “Debates”. Mestrado em Letras e Lingüística. Uma boa amostra das potencialidades dos lingüistas brasileiros que se dedicam às aplicações da análise do discurso.

Realização do II Encontro de Bilingüismo e Variação Lingüística da Região Sul, na Universidade Federal de Santa Catarina. Anais desse encontro, publicados sob a coordenação de Paulino Vandesem, UFSC, em 1984.

Número especial da revista Letras de Hoje (PUC-RS), n. 54, dezembro, dedicado a Campos de aplicação da Lingüística.

Coletânea organizada por Ítala M. Wanderlei Silva: Uma abordagem metodológica para o ensino da língua portuguesa, Recife, Pró-reitoria Acadêmica. Universidade Federal de Pernambuco.

Lançamento da coleção “Lingüística aplicada”, da Editora Comunicarte Recife, com o livro Língua portuguesa: novas perspectivas, de Gilda Maria Lins de Araújo.

Aparecimento de livro que utiliza a locução “Lingüística aplicada” com o sentido de “Descrição de aspectos de”: Lingüística aplicada ao Português: morfologia, de Maria Cecília Pérez de Souza e Silva e Ingedore Villaça Koch, São Paulo, Cortez Editora. Esse uso inadequado da expressão “Lingüística aplicada” reflete, em parte, a atratividade do termo. A rigor, Lingüística aplicada é a descoberta e o aproveitamento criativo dos insights e resultados de pesquisas da Lingüística e de outras ciências e artes em benefício de seres humanos como usuários de línguas.

Um fato a se destacar também em 1983: o lingüista belga assume a direção do Centro de Lingüística Aplicada Yazigi em São Paulo, sucedendo assim, a F. Gomes de Matos.

O Ministério do Interior e o Ministério da Educação assinam em acordo de cooperação, visando à prestação de assistência educacional às comunidades indígenas brasileiras. Os termos do documento prevêem incentivo aos estados lingüísticos, edição de material didático na língua materna do índio e extensão, até a oitava série, do ensino ministrado nas escolas indígenas (Dados publicados pela revista Educação, do MEC, jan-dez./1984 p. 7). Que lingüistas e antropólogos brasileiros sejam efetivamente convocados a participar desses projetos. A problemática da educação bilíngüe, particularmente a indígena, é muito séria e exige a formulação de uma política de planejamento lingüístico, ainda inexistente no Brasil. Essa situação foi objeto de uma comunicação por nós apresentada em Veneza, a 24 de abril de 1985, durante o Encontro Internacional sobre Educação Plurilíngüe de crianças de 4 a 10 anos, promovido pela UNESCO e pela Associação Internacional de Lingüística Aplicada (AILA).

Lançamento de O que é neologismo, de Nelly Carvalho, São Paulo, Brasiliense. Uma abordagem inteligível para o grande público, de um dos problemas centrais da ciência terminológica.

A Lingüísta paraibana Maria do Socorro Silva de Aragão publica uma coletânea de seus escritos, sob o título de Lingüística aplicada aos falares regionais, João Pessoa, União Companhia Editora. Observe-se que “aplicada” significa, na realidade, “usada para a descrição de” (falares regionais).

Ainda são relativamente poucos os lingüistas brasileiros que se dedicam total ou predominantemente à Lingüística aplicada ao ensino de Português e que publicam alguma coisa em benefício de professores. No Rio de Janeiro, cresce a atuação de Carlos Eduardo Falcão Uchôa, da Universidade Federal Fluminense. Esse colega tem publicado uma série de artigos no Boletim Contacto, do Departamento Acadêmico da Fundação Cesgranrio. Um exemplo: “A descrição lingüística e o ensino da língua materna”, no n. 45/1983, p. 192-195.

1984

Publicação de Sociolingüística e ensino do vernáculo, organizado por Miriam Lemle, Rio de Janeiro; Tempo Brasileiro.

Lançamento de Como avaliar um livro didático de língua portuguesa,  de F. Gomes de Matos e Nelly Carvalho, São Paulo, Pioneira. É o primeiro volume de uma nova série: “Estudos interdisciplinares”.

O INEP-MEC lança os Anais do Seminário Multidisciplinar de Alfabetização realizado na PUC-SP, no ano anterior.

Conferência inaugural do XXVII Seminário do Grupo de Estudos Lingüísticos do Estado de Sã Paulo sobre o tema: “Tendências da Lingüística aplicada ao aprimoramento do ser humano”, por F. Gomes de Matos. O texto foi publicado nos Anais daquele encontro, sob os auspícios da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras José Olímpio, Batatais, São Paulo.

Cadernos PUC-SP, n. 17, organizado por Maria A. A. Celani, dedicado integralmente a “Ensino de línguas”.

O Instituto de Estudos de Linguagem da UNICAMP publica os Anais do V Instituto Interamericano de Lingüística e do VII Instituto Brasileiro de Lingüística. Esse volume, intitulado Cadernos de estudos lingüísticos n. 6, foi organizado por Ataliba T. de Castilho.

Aparecimento de InterAção: A revista do professor, publicada pelo Instituto de Idiomas Yázigi. Dá atenção especial à Lingüística aplicada ao ensino-aprendizagem de línguas. Veio preencher uma lacuna na bibliografia brasileira. Dinâmica, “aberta”, provocadora, atualizada.

O autor deste “balanço” descritivo teve a honra e o privilégio de fazer a conferência inaugural do VII Congresso Mundial de Lingüística Aplicada na Universidade de Bruxelas, no dia 5 de agosto de 1984, sobre o tema “20 years of Applied Linguistics: 1964-1984”.

1985

Publicação de Técnicas de comunicação escrita, de Izidoro Blikstein, vol. 12 de uma nova série: “Princípios”, da Editora Ática, São Paulo. Um bom exemplo de como é possível aplicar conceitos-chave da Lingüística e da Teoria da Comunicação em benefício do usuário de português escrito. Livrinho bem redigido, fartamente ilustrado, revelou-se um continuador do pioneiríssimo Manual de expressão oral e escrita do saudoso J. Mattoso Camara Jr., que a Vozes, de Petrópolis, continua editando.

Aparecimento de A Lingüística e o ensino de língua portuguesa, coletânea de seis ensaios de Rodolfo Ilari, São Paulo, Martins Fontes. Para aquele colega da UNICAMP, “a Lingüística aplicada ao ensino da língua materna é um projeto em que compensa continuar investindo”. Destaquem-se os ensaios de Ilari “Aspectos de ensino do vocabulário” e “Uma nota sobre redação escolar”.

Lançamento, em setembro, da revista Delta – Documentação em Lingüística teórica e aplicada, da PUC-SP.

Elaboração do manuscrito definitivo do Dicionário gramatical de verbos do Português contemporâneo, por uma equipe de 10 lingüistas, sob a direção de Francisco da Silva Borba, da UNESP em Araraquara.

Aparecimento de O aprendizado da leitura, de Mary Kato, em série auspiedosamente lançada pela Ática, São Paulo.

Organiza-se, este ano, um Seminário da AIMAV sobre “Criatividade no ensino-aprendizagem de línguas e desenvolvimento endógeno”, a ter lugar em São Paulo, de 21 a 24 de julho de 1986. A iniciativa tem o apoio da UNESCO e do CLA-Yázigi.

Fato auspicioso a destacar este ano é a organização do I Congresso Brasileiro de Lingüística Aplicada. Iniciativa do pioneiríssimo Departamento de Lingüística Aplicada do Instituto de Estudos da Linguagem, da Universidade Estadual de Campinas. Esse evento terá lugar de 31 de agosto a 4 de setembro de 1986. O Brasil já teve seus Seminários Brasileiros de Lingüística nas décadas de 60 e 70; agora inicia-se outra fase, com Congressos (planejados e realizados por universidades) de âmbito verdadeiramente internacional, com a participação de lingüistas aplicados de vários países. A temática do I CBLA será: “Pesquisas e perspectivas”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Impossível levantar todos os dados relevantes a respeito do desenvolvimento da Lingüística aplicada no Brasil na década 1975-1985 sem o auxílio da Informática. Aos que desejarem uma visão mais aprofundada, recomendamos obter informações por iniciativas importantes no campo da Lingüística no Brasil. Assim, aconselhamos contatar o grupo da PUC-RJ, que organiza anualmente os Encontros de Lingüística (a Lingüística aplicada tem tido uma representação crescente e expressiva); igualmente, ter acesso ao que a ABRALIN vem fazendo, até então, através de uma reunião anual dentro da SBPC (em 1985, em Belo Horizonte). Convém manter-se informado quanto aos Seminários do Grupo de Estudos Lingüísticos do Estado de São Paulo. Num País em que as informações circulam com dificuldade, é preciso recorrer à comunicação epistolar, ou telefônica, para atualizar-se.

Os programas de pós-graduação em Letras e Lingüística devem ser consultados também, pois deles emanam as investigações mais sérias e relevantes. Para dar um exemplo: na UFPE, prepara-se uma dissertação sobre a Desburocratização lingüística (Neide Mendonça, a autora), a ser defendida em agosto, no Mestrado em Lingüística, sob nossa orientação.

No decênio 1975-1985 a Lingüística aplicada cresceu qualitativa e quantitativamente no Brasil. Há, entretanto, muito a fazer e novas vocações devem ser estimuladas para quem deseje dedicar-se à gratificante, desafiadora, atividade de aplicar conhecimentos da Lingüística para fins socioeducacionais e culturais no contexto brasileiro. Que este levantamento contribua para despertar o interesse de jovens por uma Linguística aplicada humanística, voltada para nossas realidades nacionais, regionais, locais.

Francisco Gomes de Matos
Letras e Psicologia, UFPE