Ano 5 - Nº 5 - 1/2011

Apresentação

A revista HELB vem, mais uma vez, contribuir para o entendimento fecundo da área de Ensino de Línguas mergulhando na sua história vivida no Brasil ao longo dos últimos cinco séculos. Esse entendimento torna-se cada vez mais necessário neste nosso tempo que demanda acrescentar não somente uma segunda língua à materna, mas uma terceira, uma quarta e muitas outras. Embora no Brasil nossa expectativa pela melhor educação cresça, a maioria das escolas ainda oferece somente uma segunda língua e de forma que nos parece ainda precária. Por isso, entender as abordagens e descobrir as leis e diretrizes que levaram as línguas a serem ofertadas da forma como são, pode orientar o trabalho de professores e linguistas aplicados na produção de teorias que expliquem melhor as ações em sala de aula, para desvendar segredos e tornar menos pedregoso o processo de aprender.

Para a capa do número 5 da HELB, a figura escolhida foi a contracapa do valoroso livro de Carneiro Leão, um dos pioneiros brasileiros a produzir teoria relevante sobre o ensino de línguas no Brasil. É um livro inestimável cuja resenha está sendo preparada para a edição número 6 desta revista. Este número 5 traz como primeiro artigo o texto que aborda os fundamentos da abordagem reflexiva, tema bastante relevante no tocante à formação de professores de línguas. O artigo analisa o pensamento dos grandes educadores e filósofos George Kerschensteiner, John Dewey, Roger Cousinet, Paulo Freire e Donald Schön quanto ao conceito de reflexão como procedimento metodológico para a formação de professores e outros agentes. O segundo artigo contribui com uma resenha analítica dos documentos governamentais que orientam o ensino em língua estrangeira. O texto procura esclarecer a evolução das orientações teóricas presentes em documentos anteriores em comparação com os contemporâneos.

O terceiro artigo relata o impacto que a LDB Nº 5.692/71 causou no ensino de línguas daquela época. O quarto artigo apresenta a história do ensino de japonês como língua estrangeira de ampla oferta no Brasil e a evolução do perfil de professores e alunos dessa língua. O quinto artigo traz uma tradução do primoroso texto O Papel dos Intérpretes ou Línguas no Império Português do Século XVI, escrito por Dejanira Couto em Paris. Este texto revela quem eram e a importância que detinham os línguas (intérpretes) nas relações comerciais e geográficas do Império Português na Ásia durante a primeira metade do século XVI.

O sexto artigo é a resenha do momentoso livro de Luís Eduardo OLIVEIRA produzido como organizador da coletânea dedicada à legislação pombalina sobre o ensino de línguas e suas implicações para a educação brasileira (1757–1827). A obra examina “o processo e institucionalização do ensino de línguas na educação brasileira, no intuito de delinear suas representações e finalidades pedagógicas, políticas e culturais”.

Para fechar o volume, oferecemos uma tradução há tempos pretendida do seminal artigo “Abordagem, Método e Técnica” escrito pelo estadunidense Edward M. Anthony no início dos anos 60 e que em 2013 comemora 50 anos de publicação. Esse artigo na versão em português é seguido por outro da lavra do Prof. José Carlos Paes de Almeida Filho, relatando as justificativas históricas e epistemológicas para umas tradução desse texto hoje. O autor expõe a relevância da distinção entre abordagem, método e técnica, na visão de vários autores e reafirma a necessidade de se esclarecerem esses termos muitas vezes confundidos entre si por estudantes, professores de línguas e até mesmo linguistas aplicados. Esta edição é um verdadeiro presente aos leitores da Revista HELB.