Ano 2 - Nº 2 - 1/2008

5. Qual Espanhol ensinar no Brasil?

Resumo:
Tendo em vista a expansão do ensino de língua espanhola no Brasil, nos cabe perguntar: qual espanhol ensinar? Assim, o presente trabalho inicia um passeio histórico a partir de 1942 com a Reforma Capanema até 2005 com a aprovação da Lei 11.161/05 com o objetivo de apresentar avanços com relação ao ensino do espanhol no sistema de ensino brasileiro focalizando a questão do material didático.

Palavras-chave: língua espanhola, material didático, ensino.

ABSTRACT: We shall ask, with regards to Spanish language teaching expansion in Brazil: which Spanish should be taught? Therefore, the present study traces a historic link from 1942 with the Reforma Capanema to 2005 with the Law 11.161/05 in order to present advances related to Spanish teaching in Brazilian Educational System observing textbooks.

Keywords: Spanish, textbooks, teaching.

Por Gleiton Malta Magalhães A partir de 1942, com a Reforma Capanema o ensino de língua estrangeira no Brasil foi expandido e seu número de horas atingiu 15% da carga horária toral. Somente com esta reforma, o espanhol foi inserido como disciplina obrigatória no ensino regular. Passados três anos, em 1945, o sistema educacional brasileiro já contava com um livro didático voltado para o ensino de E/LE. O Manual de espanhol, de Idel Becker, foi um dos pioneiros no ensino da língua espanhola para falantes de português.

Em 1988, Brasil e Argentina assinaram o Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento que fixava “como meta o estabelecimento de um mercado comum, ao qual outros países latino-americanos poderiam se unir.” Com a adesão do Paraguai e do Uruguai, o tratado de Assunção (1991) estabeleceu o Mercado Comum do sul.

A partir de então, o Brasil, por questões políticas e econômicas, passou a dar mais importância ao espanhol e incentivar seu ensino no país havendo assim um aumento na oferta do ensino de espanhol. Nesta época já havia no país alguns manuais voltados para o ensino do idioma, como, por exemplo, os Centros Culturais Brasil-España (CCBE) ligados à agencia espanhola de Cooperação Internacional (AECI), que ofereciam cursos de língua e cultura espanholas, além de alguns centros de línguas, mas ainda assim não havia uma grande diversidade de livros para o ensino do espanhol.

A aprovação da lei 11.161 de 05 de agosto de 2005, que torna obrigatória a oferta do espanhol nas escolas de ensino médio, incrementou ainda mais a corrida pelo mercado brasileiro de livros didáticos. Agora, além dos livros para cursos livres de língua, podemos encontrar exemplares voltados para o ensino fundamental e médio. O prazo máximo para que todas as escolas brasileiras se adaptem à lei e ofereçam o espanhol em suas grades curriculares é até 2010.

Existe hoje no Brasil uma predominância de manuais peninsulares que tentam adaptar-se à realidade do ensino de E/LE a brasileiros. Essa participação é tão forte, que as editoras adotam aqui, o marco comum europeu de referência para as línguas, que serve de base para a comparação dos conhecimentos lingüísticos na Europa. Além dos manuais de origem ibérica, também já podemos contar com uma tímida produção de materiais sul-americanos, principalmente da Região do Rio da Prata, e com algumas tentativas nacionais (que são muito bem-vindas).

Em 2004, três Universidades Argentinas , Universidad de Buenos Aires (UBA), Litoral (UNL) e Córdoba (UNC), se integraram e formaram um consórcio para a elaboração e implementação de um exame oficial de domínio do Espanhol denominado CELU – Certificado de Español Lengua y Uso. Segundo dados do Ministério da ciência e Tecnologia da Argentina, aproximadamente 500 cidadãos brasileiros realizaram o exame CELU. Neste mesmo ano os Ministérios da Educação de ambos os países firmaram um acordo de reconhecimento recíproco dos exames CELU e CELPE-Bras, “con el espíritu de buscar una política lingüística hispanoamericana que se base en la reciprocidad y en la cooperación con las universidades brasileñas“. Com isso o que se espera é que a participação e influência sul-americana ganhe maior espaço no contexto do ensino brasileiro, sendo outra opção de aprendizagem e avaliação de língua espanhola reconhecidas legalmente, além da peninsular. Ainda em 2004 o ministério argentino também firmou um convênio de reciprocidade com a República Popular da China.

O Manual de espanhol, de Becker, usado durante algumas décadas, antes e depois do advento do Mercosul, possui mais de 80 edições e, naturalmente foi substituído por manuais com roupagens mais modernas. O que nos resta agora é colocar sobre a mesa todo o material disponível e, se necessário, reinventá-lo, sem bairrismos ou pré-juízos, valorizando o que o Manual de Becker tem de melhor para a época: o ensino de espanhol como língua estrangeira.

REFERÊNCIAS

BECKER, Idel. Manual de espanhol. São Paulo. Companhia editora Nacional, 1945

BRASIL. Lei nº 11.161, de 05 de agosto de 2005. Dispõe sobre o ensino da língua espanhola. Diário Oficial da União, Brasília, DF.

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GOLDENBERG, Saul. HOMENAGEM A IDEL BECKER O Homem, O Professor, O Erudito, O Humanista. in: Acta Cirúrgica Brasileira - Acta Cir. Bras. Vol. 9 no. 3, p.107-108, Jul/Aug/Sep.1994.ISSN 0102-8650.Editorial. Disponível em: http://www.sobradpec.org.br/acta_9396/1994/volume_9/number_3/1994_9_3_01.htm. Acesso em: 10/10/2007

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NOGUEIRA, Luis Carlos Ramos. A implantação do Espanhol na grade curricular das escolas públicas brasileiras: um desafio com prazo. In: Helb, Linha do Tempo. Disponível em: http://www.unb.br/il/let/helb. Acesso em: 30/09/2007

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WIKIPÉDIA. Mercosul. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercosul. Acesso em 30/10/2007