Ano 2 - Nº 2 - 1/2008

3. A Importância das Associações (Inter) Nacionais na Formação de Professores de Línguas

Resumo:

Este artigo pretende apresentar sete organizações criadas para atender às necessidades dos professores de língua estrangeira (LE). Primeiramente, mostraremos a importância do ensino de línguas estrangeiras e a formação de um profissional capacitado no campo de ensino/aprendizagem de LE no Brasil. Em seguida, faremos um breve histórico de sete organizações pesquisadas, todas criadas com o intuito de envolver profissionais da área de ensino/aprendizagem de línguas. Por último, apresentaremos vantagens que essas associações podem trazer para o desenvolvimento de uma prática reflexiva do professor.

Palavras-chave: associações, formação de professores, ensino-aprendizagem de LE.

ABSTRACT: This paper intends to present seven Teachers Associations that were created in order to supply the needs of foreign language teachers. First of all, we will show the importance of foreign language teaching and training teachers driving their professional qualification in the field of language teaching in Brazil. After, we will tell a brief history of the seven organizations mentioned here, all of them created aiming the involvement of professionals from the field of language teaching and learning. Finally, we will present the advantages these Teachers Associations can bring to the development of a reflexive practice in the teachers.

Keywords: Teachers Association, teacher training, foreign language teaching and learning.

Kátia Falcomer e Vânia Rodrigues Resumo: Este artigo pretende apresentar sete organizações criadas para atender às necessidades dos professores de língua estrangeira (LE). Primeiramente, mostraremos a importância do ensino de línguas estrangeiras e a formação de um profissional capacitado no campo de ensino/aprendizagem de LE no Brasil. Em seguida, faremos um breve histórico de sete organizações pesquisadas, todas criadas com o intuito de envolver profissionais da área de ensino/aprendizagem de línguas. Por último, apresentaremos vantagens que essas associações podem trazer para o desenvolvimento de uma prática reflexiva do professor. 

1.Introdução

No primeiro capítulo de seu livro Lingüística Aplicada, Ensino de Línguas & Comunicação, Almeida Filho (2005), relaciona o desenvolvimento da LA com a evolução do ensino de línguas nos Estados Unidos e Europa durante e após a II Guerra Mundial, quando este passou a ter um caráter científico. Segundo o autor, o avanço do audiolingualismo ajudou a formar um movimento pioneiro e de crescente visibilidade dentro da LA, estimulando mais pesquisas sobre o assunto, aprimorando assim a propagação do conhecimento. Na ocasião, nos Estados Unidos e na Inglaterra havia um ambiente favorável para a atuação dos lingüistas aplicados. Ainda nas palavras de Almeida Filho (2005):

O surgimento das associações de professores de línguas é uma realidade que advém do sec. XX, contribuindo ainda mais para a formação de professores do ensino de línguas. É preciso ressaltar que o ensino de línguas estrangeiras é uma área com identidade própria, e que o professor de línguas é, antes de tudo, um educador. Assim, o professor precisa ter uma formação continuada que contribua para a atualização do próprio conhecimento e que o prepare para trabalhar com as adversidades trazidas pelos alunos em um ambiente de sala de aula, adequando o ensino/aprendizagem de línguas às novas demandas do contexto social e econômico do século XXI.

2.O professor atual e o ensino de LE no Brasil

Quando falamos sobre o professor de língua estrangeira estamos falando de um profissional com o seu diploma de graduação e/ou pós-graduação.
Mesmo que ainda de uma forma pouco representativa, o professor de línguas começa a ter acesso a documentos destinados à formação de professores, como o volume “Língua Estrangeira”, da série: Parâmetros Curriculares Nacionais (os PCNs), artigos impressos e eletrônicos, revistas e sites destinados à formação. Hoje ele também já é visto participando de seminários, convenções, workshops e eventos realizados por associações estaduais e organizações nacionais e internacionais.

Segundo Schimdt (2006), “ ...as reuniões, os seminários, encontros e congressos organizados pelas associações estaduais existentes têm contribuído para o conhecimento ou competência teórica dos professores ao longo dos últimos anos.” Ao congregar professores da rede pública, há a oportunidade para reflexão, renovação e desenvolvimento profissional.

O professor Almeida Filho, em seu artigo intitulado “O Professor de Língua(s) Profissional, Reflexivo e Comunicacional” à Revista Horizontes (2004), faz a seguinte análise do professor contemporâneo de língua:

Nesse sentido as associações podem propiciar fomento ao desenvolvimento destas características necessárias ao professor de línguas.

3. As associações de professores de LE

A professora Sara Walker, que esteve na presidência do Braz-Tesol (1998-1999) e da Laurels (1990-1991), em seu artigo “Uma visão geral do ensino de inglês no Brasil” no livro “Caminhos e Colheitas” (2004) tem uma visão bastante otimista quanto ao ensino e à função das associações de professores:

Algumas associações também organizam fontes de pesquisa para os professores, valorizando o conhecimento teórico construído por profissionais da área. É o caso do professor Carlos Daghlian da Universidade Estadual de São Paulo e presidente (desde de 1976) da Abrapui (Associação Brasileira de Professores Universitários de Inglês) em seu artigo “Associações de professores de inglês” também do livro “Caminhos e Colheitas” (2004) reconhece o papel das associações fazendo um breve histórico da Abrapui e da Apliesp, entre outras associações estaduais. Em um dos trechos de seu artigo, o autor destaca o auxílio que a Abrapui tem dado aos estudiosos e pesquisadores da área de ensino de inglês por meio de um catálogo bibliográfico:

Diante do exposto, faremos a seguir um retrato de algumas das associações (inter) nacionais de professores de língua estrangeira, que atendem aos mais diversos níveis de formação de professores.

3.1.ABRAPA (Associação Brasileira de Professores de Alemão)

Criada por ocasião do Segundo Encontro Nacional de Professores de Alemão, em 03 de julho de 1988, tem como objetivo “congregar as associações estaduais ou regionais de professores de alemão e incentivar a criação de novas associações em todos os estados ou regiões”. Também visa “promover o intercâmbio entre a ABRAPA e as entidades culturais e órgãos oficiais no sentido de intensificar o processo de desenvolvimento sócio-cultural e educacional no Brasil, facilitando o relacionamento dos seus membros com entidades similares no país e no exterior e promovendo o intercâmbio de experiências didáticas, resultados de pesquisas, material bibliográfico, etc., no Brasil e com o exterior, em especial com órgãos educacionais similares dos países de língua alemã”. A ABRAPA visa ainda “organizar encontros, seminários, simpósios e congressos a nível nacional ou internacional, isoladamente ou em conjunto com outras entidades, bem como participar de eventos organizados por terceiros, que interessem à entidade ora fundada; trabalhar pela promoção e maior desenvolvimento do ensino da língua alemã no sistema educacional brasileiro; agir em defesa dos interesses profissionais do conjunto de seus filiados, em âmbito nacional, sempre que tais interesses ultrapassem a competência da associação estadual ou regional respectiva”; assim como “participar como sócio de entidades similares estrangeiras”.
As associações estaduais e regionais filiadas à ABRAPA são: a ACPA, em Santa Catarina; a AMPA, em Minas Gerais; a APANOR, no Paraná; a APPA, em São Paulo; a APA-RIO, no Rio de Janeiro; e ainda, a ARPA, no Rio Grande do Sul.

3.2.O Braz-Tesol (Associação Brasileira de Professores de Inglês para Falantes de Outras Línguas)

O Braz-Tesol foi fundado em 1986, por Robert Carrington e por um grupo composto de 25 professores da Cultura Inglesa, em Curitiba, e seus propósitos são: a) fomentar e dar suporte às pesquisas no campo de ensino da língua inglesa; b) apoiar programas de desenvolvimento do professor em todas as instituições no Brasil; c) promover estudos na área de ensino de inglês e áreas afins, tais como: Lingüística Aplicada, Sociolingüística e Aquisição de Segunda Língua; d) manter contato com associações similares em outros países como o TESOL (nos EUA), IATEFL (no Reino Unido) e com o Southern Cone TESOL que inclui o Brasil, o Paraguai, o Uruguai e a Argentina.

O Braz-Tesol é uma organização sem fins lucrativos e conta com mais de 4.000 membros, profissionais da área de ensino/aprendizagem de LE.

3.3.FIPLV (Fédération Internacionale des Professeurs de Langues Vivantes)

Fundada em Paris, em 1931, é a única associação internacional multilíngüe de professores de línguas vivas. A FIPLV tem como propósitos: promover o ensino/aprendizagem de línguas vivas a fim facilitar e melhorar a comunicação, a compreensão, a cooperação e as relações amigáveis entre todos os povos do mundo; desenvolver, dar apoio e promover políticas que diversifiquem as línguas ensinadas, melhorando a qualidade do ensino de línguas e fazendo este ensino disponível a todos; desenvolver a continuidade e a coesão da educação multilíngüe no ensino primário, secundário, e de adultos; melhorar o treinamento e o desenvolvimento profissional do futuro professor de línguas em todos os setores da educação; auxiliar a fundação de associações profissionais de professores de línguas; coordenar e desenvolver o trabalho de suas associações e de seus membros; incentivar a cooperação entre os membros de diferentes associações do mesmo país; promover o ensino e a política de línguas baseada nos princípios do multilingüalismo; propiciar um veículo de solidariedade internacional entre os professores de línguas de diferentes regiões do mundo. 

3.4. IATEFL (International Association of Teachers of English as a Foreign Language)

Fundada no Reino Unido, em 1967 e com mais de 3.500 membros em mais de 100 países, a missão desta associação é de unir, desenvolver e apoiar profissionais do ensino da língua inglesa no mundo. Este trabalho é feito através de publicações periódicas, como na revista IATEFL Voices; através de conferências internacionais anuais; e através da oferta aos seus membros para fazer parte de um dos 14 SIGs (Special Interest Groups). A IATEFL também oferece bolsas de estudo a grupos específicos de professores, ajudando-os a participar de sua Conferência Anual. E, por último, essa organização também une seus membros a outras organizações internacionais de professores e propicia ajuda àqueles que desejem formar ou desenvolver organizações locais de professores.

3.5.MLA (Modern Language Association)

Fundada em 1883, a MLA possui mais de 30.000 membros em 100 países. Esta associação propicia a seus membros oportunidades de divulgar suas descobertas e experiências de ensino, assim como discussões sobre tendências acadêmicas. Seus membros recebem membros de outras organizações internacionais em encontros e em sua Convenção Anual. A MLA também possui 04 periódicos, o MLA International Bibliography, sendo este uma bibliografia completa em língua e literatura, disponível em CD-ROM, online e para impressão, e ainda um Quarterly Newsletter que disponibiliza as novidades da associação e tópicos de interesse de seus membros. Há mais d 100 anos, os membros da MLA têm trabalhado para fortalecer o estudo e ensino de línguas e literatura.

3.6.SIPLE (Sociedade Internacional Portuguesa de Língua Estrangeira)

Fundada em 1992, a SIPLE (Sociedade Internacional de Português-Língua Estrangeira) foi criada durante o II Congresso Brasileiro de Lingüística Aplicada, realizado na Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo. Tem como propósito congregar professores e pesquisadores do Brasil e do exterior que atuam na área de ensino/aprendizagem de português para falantes de outras línguas, com vistas ao desenvolvimento de atividades e iniciativas de cunho acadêmico e sócio-político que possam contribuir para consolidar a institucionalização da área. A SIPLE objetiva também promover a produção e a divulgação de conhecimento, bem como o intercâmbio de experiências no ensino/aprendizagem de português em contextos de segunda língua ou de língua estrangeira. Desde a sua criação, a SIPLE promove anualmente congressos e seminários que vêm demonstrando um crescente nível de profissionalização nas atividades de ensino e pesquisa na área, aliadas a um crescimento constante do número de aprendizes e de cursos de português como língua estrangeira ou como segunda língua. Com relação à pesquisa no ensino de Português, verifica-se considerável ampliação de trabalhos focalizando contextos, aspectos e variáveis diversos.

3.7.TESOL (Teachers of English to Speakers of Other Languages)

A idéia da criação do TESOL (Teachers of English to Speakers of Other Languages) surgiu da falta de uma única organização profissional que envolvesse professores e administradores dos mais variados níveis educacionais e que tivesse como interesse comum o ensino da língua inglesa aos alunos falantes de outras línguas.

Após quatro anos de estudos e discussões sobre este assunto, foi criada, em 1966, uma organização que atendesse: a) às necessidades do profissional envolvido com problemas de ensino de inglês aos alunos falantes de outras línguas, b) às necessidades de um jornal pedagógico que ajudasse a todos aqueles ligados à profissão e c) às necessidades de especialistas que servissem de ajuda a fundações, agências governamentais e universidades. O surgimento de uma associação única como esta já era de grande interesse, não só das universidades e das associações profissionais da área, como também de agências governamentais e fundações com interesses e atividades específicas, pois era crescente o número de profissionais qualificados na área de ensino da língua inglesa para alunos falantes de outras línguas (ESOL). De acordo com Anderson, 1967, p.175:

4.Considerações finais

O presente trabalho traz novas formas de pesquisa e atualização aos professores em formação ou em formação continuada, críticos da sua atuação como docentes. As associações mencionadas neste artigo proporcionam suporte para que o docente contemporâneo e reflexivo pense sobre o seu papel no processo de ensino/aprendizagem de LE, mantendo-se atualizado e aberto às novas tendências de ensino através de artigos, simpósios, convenções, conferências, workshops, revistas, periódicos e páginas eletrônicas, entre outros.

Um professor reflexivo e consciente de suas responsabilidades transformadoras é a chave para acionar o processo de mudanças que darão um novo sentido à sua prática de ensino.

Referências Bibliográficas:

ALMEIDA FILHO, J.C.P. Dimensões Comunicativas no Ensino de Línguas. Campinas: Pontes Editores, 1993.

_____________ Lingüística Aplicada, Ensino de Línguas & Comunicação. Campinas: Pontes Editores & Arte Língua, 2005.

______________ Glossário de Lingüística Aplicada. Editora Pontes, 1997.

______________ O Professor de Língua(s) Profissional, Reflexivo e Comunicacional. Revista Horizontes de Linguística Aplicada: Revista do Programa de Mestrado em Linguística Aplicada do departamento de Línguas estrangeiras e Tradução da Universidade de Brasília. UnB, Brasília, ano 3, 2004.

KELLY, L.G.Twenty Five Centuries of Language Teaching. Rowley: Newbury House, 1969.

STEVEN, C. T. & CUNHA, M.J.C. Caminho e Colheitas no Ensino de Inglês no Brasil. Brasília: Editora da UnB, 2004.

MATOS, F.G. Desafios do Ensino de línguas estrangeiras. Disponível em <http://www.ccba.com.br/asp/cultura_texto.asp?idtexto=505>

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Anexo 1

Endereços eletrônicos das organizações citadas neste artigo que serviram como fonte de informações para este artigo.

MATOS, F.G. Desafios do Ensino de línguas estrangeiras. Disponível em http://www.ccba.com.br/asp/cultura_texto.asp?idtexto=505, 2006.

 

Associações (Endereços Eletrônicos)