Ano 11 - Nº 11 - 1/2017

UMA DÉCADA DE PRODUÇÃO NOS ESTUDOS DA HISTÓRIA BRASILEIRA DO ENSINO DE LÍNGUAS NA REVISTA HELB

Resumo

Neste artigo revisitamos as publicações relativas ao período de dez anos de circulação da Revista Helb, publicada no bojo do Portal Helb – criado e lançado pela primeira vez como anuário em 2007, visando dar a conhecer o teor e o valor da Revista com a publicação de resultados da pesquisa histórica no campo da formação, do ensino e da aprendizagem de línguas no Brasil. O objetivo deste estudo é apresentar um panorama condensado da produção acadêmica sui generis no campo da História do Ensino de Línguas no Brasil (Helb) publicada no Anuário e resenhada no período de 2007 a 2016. Neste estudo de caso, utilizou-se a análise documental, o acervo valioso dos artigos nos dez números publicados que compõem o corpus analisado. Os autores cujos trabalhos foram publicados na revista advêm de todas as regiões do país e também de outros países na América e na Europa. Ademais, observa-se que entre os autores incluem-se professores/pesquisadores de instituições públicas e privadas de ensino básico e superior, e de centros de idiomas. Numa década, o olhar para dentro da história de ensino de línguas mostrou fatos e personagens em datas e períodos que muitos de nós nem suspeitávamos. A consciência da viagem nos tornou mais seguros de que a velha profissão de pelo menos cinco mil anos está viva e palpitante no Brasil, na América e no mundo de língua portuguesa antes de voos ainda mais altos no futuro.

Palavras-chave: Revista Helb; Análise histórica do ensino de línguas no Brasil; História do Ensino de Línguas no Brasil; Estudos sobre o Ensino de Segunda Língua e Línguas Estrangeiras.


Abstract

This study aims to recall papers published over the 10 years of Helb Journal, first publication back in 2007. This journal publishes research results regarding historical events about language learning in Brazil and internationally. This paper presents an overview on scientific studies with regards to the History of Language Teaching in Brazil (Helb) from 2007 to 2016. The papers published in the journal are the corpus for this document analysis - case study. Authors, whose papers were published in the Helb Journal, are from all corners of the Brazilian “continent” and also from other countries in America and Europe. Furthermore, amongst them there are teachers, professors and scholars working in public and private institutions from basic education to university circles and language centers. In a decade, our drive inwards with the history of language teaching has shown facts and characters in dates and cycles that have turned us even more confident that the old profession of Language Teaching reaching at least five thousand years back is ever as alive and ticking in Brazil, the Americas and throughout the Portuguese speaking world before yet higher flights in the future.

Keywords: Helb Annuary Journal; Historical Analysis of Language Teaching in Brazil; History of Language Teaching in Brazil, Foreign and Second Language Studies.

 

Introdução

Do bojo do Projeto História do Ensino de Línguas no Brasil, conduzido na forma de pesquisa histórico documental e produção prática iniciada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e depois desenvolvida na Universidade de Brasília (UnB), constou desde o início o objetivo de revisitar os estudos sobre a história na disciplina focada na Formação, Aprendizagem e Ensino de Línguas (FAELin), disciplina acadêmica essa também conhecida pelo seu nome popular Ensino de Línguas. Essa linha de estudos iniciada no ano 2000 na Unicamp revelou-se pioneira no Brasil, e foi como subproduto desse projeto que, em 2007, foi publicado o primeiro número da Revista Helb. Esse será, precisamente, o foco deste artigo no formato de estado da arte de todo o acervo até aqui publicado de modo a fazer sentido do que representou para a disciplina a publicação dos artigos na sua primeira década de existência.

A Revista faz parte do Projeto Helb que mantém a Página Helb como serviço público gratuito dedicado à formação de professores de línguas (e também de aprendentes e terceiros agentes). A Página contém ainda uma Linha do Tempo sobre a História do Ensino de Línguas no país desde 1500 até os adias atuais, uma base bibliográfica sugestiva de fontes para a continuação de estudos na especialidade histórica, e um acervo de leis regedoras do ensino no âmbito nacional e regional da escolarização.

O anuário Helb conhecido como Revista Helb mostrou logo sua relevância como veículo acadêmico de trabalhos de pesquisa de natureza histórica no campo da FAELin, único em sua categoria no país e raro mesmo em escala mundial. Essa publicação eletrônica de livre acesso nunca enfrentou lacunas nos números editados e produziu ao longo de dez anos, entre 2007 e 2016, edições anuais contendo artigos originais e traduções além de resenhas de livros históricos relevantes sobre a temática específica do desenvolvimento histórico da instrução e aquisição dos idiomas no Brasil.

No período de tempo considerado, foram recebidos, avaliados e editados artigos de todas as regiões do Brasil, bem como de outros países. Além disso, entre os autores incluem-se professores/pesquisadores de instituições públicas e privadas atuando no ensino básico e/ou superior, e em centros de idiomas. Essa característica evidencia a abrangência geográfica e de perspectiva (profissional e acadêmica) representadas no periódico.

O conteúdo é disponibilizado “[…] em língua portuguesa, seguindo o princípio da democratização mundial do conhecimento através da disponibilização digital gratuita do conhecimento científico ao público” (HELB, 2007). No mesmo texto de apresentação da revista, destaca-se que o objetivo é receber “artigos científicos de natureza histórica que abordem a evolução do ensino de línguas no Brasil e no mundo” (HELB, 2007), além de resenhas e traduções de textos históricos ou recentes.

A cada número publicado, uma imagem que retratava algum momento ou acontecimento histórico foi trazida como capa, observando-se os temas tratados em cada uma das edições anuais. Assim, utilizando-se de recursos textuais e imagéticos, objetiva-se, com a Revista Helb, “criar uma interpretação geral da evolução do ensino de línguas para a área de Ensino de Línguas, principalmente no âmbito da formação de agentes do processo de aprendizagem e ensino de línguas” (HELB, 2007).

Para orientar a análise dos documentos, foram adotadas duas categorias, a saber: panorama dos primeiros dez anos da Revista Helb e análise das publicações por tema explorado. Dessa forma, visando abranger o proposto, este artigo é dividido nas seguintes subseções: esta introdução, panorama dos primeiros dez anos na Revista Helb, análise das publicações por tema e considerações finais.

Panorama dos primeiros dez anos da Revista Helb

Nesses dez anos iniciais de publicação ininterrupta da Revista Helb foram publicadas uma média de oito textos por edição. Os trabalhos publicados incluem: entrevistas, artigos e resenhas (a partir de 2010) abrangendo uma diversidade de conteúdos históricos relacionados ao ensino e aprendizagem de línguas. Os títulos dos artigos em cada um dos dez números publicados estão reproduzidos na íntegra no índice por edição, publicado no número atual da Revista Helb.

Dentre as questões abordadas estão temas como: (I) medidas oficiais que versam sobre o ensino de línguas, (II) períodos específicos e suas características relacionadas ao Ensino de Línguas (FAELin), (III) percurso e desdobramentos de teorias específicas sobre ensino e aprendizagem de línguas, (IV) associações de profissionais do ensino de idiomas, (V) instalação e desenvolvimento de instituições binacionais, (VI) questões relacionadas ao ensino de línguas específicas e (VII) matérias sobre a evolução da Ciência Aplicada da Linguagem. Na figura 1, a seguir, é apresentada uma representação pictórica relativa ao número de publicações por tema.

Figura 1: Publicações por temas

Fonte: elaboração própria

No gráfico apresentado na figura 1, as temáticas foram representadas por algarismos romanos de I a VII. Acerca de de associações de profissionais do ensino de idiomas (IV), observamos o menor número de publicações, correspondendo a 1,3% do total de artigos publicados nesses dez anos da revista. Seguido daqueles que versam sobre a instalação e desenvolvimento de instituições binacionais (V), representando 3,9%. Os artigos que tratam de medidas oficiais sobre o ensino de línguas (I) equivalem a 9,2%. Representando 19,7% cada, as matérias sobre períodos específicos e suas características relacionadas ao Ensino de Línguas (II) e a evolução da Ciência Aplicada da Linguagem (VII) tiveram igual número de publicações individualmente. Aqueles com foco no percurso e desdobramentos de teorias específicas sobre ensino e aprendizagem de línguas (III) correspondem a 22,4% do total. As questões relacionadas ao ensino de línguas específicas (V) equivalem a 23,7%, o maior conjunto temático; entretanto, cabe ressaltar que há outros artigos que versam sobre línguas específicas, mas cujo foco relaciona-se mais intensamente a outros temas aqui representados.

As constatações do conjunto do corpus nas categorias sugeridas evidencia, no plano mais geral, a dimensão desse periódico. Nesses dez anos, foram publicados artigos específicos num amplo espectro da vertente histórica resultantes de fatos tomados como monumentos em estudos de autores de todas as regiões do país e também de outros países, além de traduções de textos seminais da área. O grupo de autores abrange professores/pesquisadores de instituições públicas e privadas de ensino básico e superior, e de centros de idiomas. Ademais, quando se trata de línguas específicas, há trabalhos sobre línguas autóctones, português como língua materna e não materna, inglês, espanhol, alemão, francês, japonês, libras – na categoria de língua não-verbal para a comunicação com e entre surdos.

No primeiro número da Revista Helb, à época ainda muito influenciada pela recente instalação do Projeto História do Ensino de Línguas no Brasil da Universidade de Brasília, conforme já mencionado anteriormente, sete artigos buscam discutir o ensino de línguas em diferentes períodos e sob diferentes perspectivas. Nessa edição de lançamento, a capa foi ilustrada com uma imagem que remetia a salas de aulas de escolas nos anos 40 e 50, simbólica das transformações que o ambiente escolar que havia testemunhado depois das inovações diretistas introduzidas após 1930 no país.

Uma foto da primeira equipe do Projeto de História do Ensino de Línguas no Brasil é a imagem de capa da segunda edição da Revista Helb. Nesse número, foram abordados temas históricos em artigos e também apresentadas uma entrevista com os editores da revista e uma análise da Página Helb que contemplava seus vários subprodutos no projeto HELB, inclusive o periódico que ora avaliamos em retrospectiva.
No terceiro ano de publicação, o leque temático histórico do ensino de línguas expandiu-se ainda mais, visando interpretar “fatos, personagens, medidas oficiais e períodos que marcaram o desenvolvimento da disciplina História do Ensino de Línguas no Brasil” (HELB, 2009). No texto de apresentação dessa edição é evidenciado que

A formação de pesquisadores no âmbito da Aprendizagem e Ensino de Línguas (AELin) não poderia se completar sem essa experiência fundadora na interpretação do curso histórico produzido por professores e alunos de línguas, além de autoridades em instâncias oficiais que vão engendrando uma política coleante de consolidação de um ofício e de uma profissão antiga de muitos séculos de serviços a quem deseja apropriar-se de novas línguas e culturas (HELB, 2009).

A capa da quarta edição da Revista Helb é ilustrada pela obra intitulada Grammatica da lingua portuguesa de João de Barros. Nesse número, são publicados estudos “que incluem referências à gramática como base filosófica para organizar a prática de ensino de línguas no renascimento e na modernidade passados cinco séculos de vida colonial, imperial e da república” (HELB, 2010). Nesse mesmo número, é publicada a primeira resenha histórica de uma série que se seguirá por todo o decênio.

Em sua quinta edição, a Revista Helb, mais uma vez, leva os leitores a mergulhar na história do Brasil no intuito de contribuir para a compreensão global da disciplina FAELin, o nome pelo qual a área é também mnemonicamente referida. Essa compreensão mostra-se necessária, principalmente se observarmos a demanda por proficiência não apenas numa língua, mas em várias. No texto de apresentação desse número, os editores revelam sua expectativa no que se refere ao crescimento da oferta de diferentes línguas estrangeiras nas escolas brasileiras. Além disso, ressaltam a importância de se entender as abordagens de ensino, as leis e diretrizes que direcionam a oferta de línguas nas escolas e como isso pode nortear profissionais envolvidos “na produção de teorias que expliquem melhor as ações em sala de aula, para desvendar segredos e tornar menos pedregoso o processo de aprender” (HELB, 2011).

Composto por oito artigos e uma resenha histórica, o sexto número da Revista Helb, avança na variedade de textos e “possibilidades de interpretação do percurso histórico produzido pelos agentes direta ou indiretamente envolvidos na aquisição, ensino e aprendizagem de novas línguas e culturas” (HELB, 2012). A imagem da Revista de Cultura Vozes de 1976 é eleita como capa dessa edição, uma vez que é republicada nessa edição da Revista Helb o artigo de alta relevância para o estudo das origens da Área Aplicada da Linguagem: 1965/1975 – Dez anos de Linguística Aplicada no Brasil, de Francisco Cardoso Gomes de Matos, estampado originalmente no importante periódico brasileiro e que foi descontinuado posteriormente.

Em seu sétimo ano de publicação a RevHelb, como a ela às vezes se referem seus usuários hoje, são apresentados oito artigos e uma resenha histórica incluindo como sempre uma paleta diversa de perspectivas de estudo. Essa diversidade de temas, sempre abrangendo aspectos históricos relativos ao ensino de línguas, visa contribuir para “a compreensão dos movimentos históricos produzidos pelos agentes que estão envolvidos na aquisição, no ensino e na aprendizagem de línguas e culturas” (HELB, 2013). Essa edição traz duas republicações de textos relevantes ainda ao tema dos primórdios da Linguística Aplicada brasileira datados dos anos 1980 do século anterior originalmente, acrescidas de posfácios atualíssimos dos autores, além de outros textos inéditos.

Composta de uma variedade temática no campo da FAELin (Formação, Aquisição e Ensino de Línguas) voltada à interpretação de “atos, personagens, medidas oficiais e períodos que marcaram a história do ensino de línguas no Brasil” (HELB, 2014), o oitavo número da Revista Helb é composto por oito artigos e uma resenha histórica. Novamente, a equipe editorial ressalta o compromisso em “contribuir para o entendimento fecundo da área de Ensino de Línguas mergulhando na sua história vivida no Brasil desde o Descobrimento até nossos dias” (HELB, 2014).

Na edição de 2015, diferentemente das demais que se voltavam para as línguas estrangeiras, foi produzido um número temático sobre o ensino de Língua Portuguesa como língua materna (L1) no Brasil. Marília Carvalho Batista liderou esse projeto como editora-convidada, uma vez que havia concluído, em 2014, estudo original sobre esse tema. Apresenta-se, pois, nessa edição um conjunto de artigos independentes de autores cujos estudos se voltam para o ensino da Língua Portuguesa como L1.

No último número analisado neste estudo, o décimo (publicado em 2016), é apresentada uma coletânea de artigos abrangendo temas como o da importância de se conhecer a história da instrução dos idiomas em pesquisas documentais e em notas de aula, aspectos éticos no ensino profissional das línguas e outros aspectos relativos à história do ensino de línguas. Além disso, foi publicada resenha histórica da obra fundadora do célebre professor Antônio Carneiro Leão, do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro, O Ensino de Línguas Vivas: uma experiência brasileira, de 1935.

As resenhas históricas passam a integrar a RevHelb, a partir de sua quarta edição, apresentado obras com importância histórica fundamental. Segundo Almeida Filho (2015), a consolidação do lado acadêmico da profissão de professor de línguas é tomada como missão no século vinte para que o ofício milenar se aprofundasse no conhecimento que alavanca a consciência profissional dos que o praticam nas escolas e privativamente. No índice temático, publicado na edição atual, estão listadas as obras cujas resenhas foram publicadas na revista.

O autor (op. cit.) apresenta lista de obras publicadas que é seguida de uma breve análise que reconhece a base teórica instalada no século vinte na forma de livros autorais, após a Reforma Francisco de Campos em 1931, como passo sine qua non para o amadurecimento da profissão e sua área epistêmica. Descobrimos nas resenhas e artigos que a literatura histórica para as línguas segundas e estrangeiras não contemplou com a mesma generosidade a história do ensino do Português como língua materna nas escolas (ALMEIDA FILHO, 2015).

Nesse percurso de uma década publicando trabalhos que apresentam a marcha dos estudos históricos sobre o ensino de línguas no país é descortinada uma surpreendente diversidade de fatos, personagens e contextos, todos de cunho histórico relacionados ao ensino de línguas. O resultado em nós, leitores, é a satisfação intelectual indeclinável de nos abrirmos à informação, às discussões recolocadas, ao debate das ideias que embalaram o curso da história redescoberto tanto pelos autores quanto leitores do novo anuário com que nos brinda a Revista fundada em tão boa hora no início do novo século.

Análise das publicações por tema explorado

Revisitar os dez anos da Revista Helb, retomando esse esforço histórico por meio dos artigos e resenhas publicados no período foi para nós uma tarefa desafiadora e gratificante ao mesmo tempo. Nesse levantamento, após contabilização e leitura dos textos publicados, consideramos adequado classificar os textos em quatro categorias, a saber: historiografia, línguas específicas, resenhas históricas e outros. A figura 2, a seguir, mostra a distribuição dos artigos por categoria.

Figura 2: Publicações por categoria

Fonte: elaboração própria.

Conforme ilustra o gráfico na figura 2, historiografia (a história publicada da história) é a categoria que possui mais artigos nos números da Helb dos primeiros dez anos registrados – representando 35,53% do total; seguido de aspectos históricos relativos ao desenvolvimento do ensino de línguas específicas, com 31,58% do total; restando 21,05% de resenhas de obras históricas do século vinte; além de 11,84% na categoria miscelânea dos que não cabiam nas anteriores.

Os artigos que compõem o grupo nomeado historiografia tratam das publicações de natureza histórica do Ensino de Línguas sem especificar línguas. Entre elas estão estudos que analisam Leis, Decretos, Reformas, Regulamentos e outros documentos oficiais, o ensino de línguas em períodos específicos, metodologias de ensino e materiais/recursos didáticos, sua evolução histórica; a relação entre história e ensino de línguas; teorias sobre ensino e aprendizagem de línguas; instituições e cursos relacionados ao ensino de línguas; e a história da própria Linguística Aplicada, Ciência mãe das disciplinas de natureza aplicada como o Ensino de Línguas, a Tradução, a Lexicografia, as Patologias da Linguagem, o Secretariado Executivo e Língua Estrangeira Aplicada – LEA, além das Relações Sociais mediadas pela linguagem.

O conjunto de artigos classificados como línguas específicas engloba estudos que focam em uma língua em particular. Entre eles, figuram as seguintes línguas: autóctones brasileiras, português (língua materna e não-materna), inglês, espanhol, de sinais (libras), japonês, alemão e francês. Esses estudos apresentam diferentes focos, como: material didático; centros binacionais; institutos culturais; produção textual; práticas de ensino; métodos de ensino; e outros.
Há ainda artigos e entrevistas que tratam especificamente da Helb, seja como disciplina, revista ou página eletrônica. Esses textos integram a categoria outros, juntando matérias sobre associações de professores; ética profissional; a importância de se conhecer a história do ensino de línguas; estudos sobre competência, cultura, pedagogia crítica e ensino superior; tecnologias no ensino de línguas; entre outros.

A primeira resenha histórica foi publicada no ano de 2010, no quarto número da Revista Helb (conforme já mencionamos anteriormente). As obras resenhadas são produções autorais em livros de pesquisadores brasileiros que datam desde 1935, mas há também livros publicados mais recentemente que tratam de temas relativos à história do ensino de línguas no Brasil. Entre os autores dessas obras resenhadas estão: Carneiro Leão, Maria Junqueira Schmidt, Valnir Chagas, Francisco Gomes de Matos, e José Carlos Almeida Filho. No índice temático, publicado nesta edição da revista Helb, consta a lista completa dos livros resenhados.

A RevHelb materializa, pois, a construção de uma consciência de área que possibilita aos ensinantes compreender o por que ensinamos da maneira que ensinamos, uma vez que “a exploração histórica […] nos conduz à tomada de consciência sobre o passado com amplas possibilidades de projeções de um futuro que desejamos” (ALMEIDA FILHO, 2015, p. 201).

Considerações finais

Os leitores encontram na Revista Helb um periódico digital anual (um anuário) precioso no país para a profissionalização no Ensino de Línguas. Seus conteúdos, como mostramos, contém informações acessíveis e análise relevantes para aqueles que se dedicam ao ensino e aprendizagem de línguas, sejam elas maternas ou não-maternas. Acessibilidade, nesse caso, engloba tanto aspectos de disponibilidade digital e gratuita na internet como no texto claro da composição e qualidade textual dos trabalhos publicados.

Para mais, a abrangência dos aspectos históricos de que trata a revista é evidenciada, por um lado, pela diversidade de temas, e por outro lado, pela variedade de perfis dos autores no que tange a sua formação, atuação e localização geográfica. Dessa forma, a oferta continuada da Revista denota a relevância desse periódico temático para o crescimento da consciência de área epistêmica da História do Ensino de Língua no Brasil e no mundo, por extensão.

Os dados analisados solidificam a importância de se conhecer a história para melhor compreender a disciplina acadêmica que trata dos processos da formação para ensinar e aprender idiomas no devir histórico. A interpretação dos monumentos históricos do passado parece aportar força nova para equacionar nosso presente profissional com o que se passou no passado. A compreensão vigente no presente auxilia-nos na projeção de um futuro que dignifique a profissão e a área acadêmica que ainda hoje não se reconhece devidamente no âmbito da Linguagem. Além disso, a consciência que nos propicia a Helb sustenta a tomada de decisões na esfera das políticas para oferta das línguas na escolarização, concebendo ações informadas a serem postas em marcha na prática do ensino e na nova perspectiva aquisicional das línguas no país.

Referências

ALMEIDA FILHO, J. C. P. A Página Omissa: Contribuições para uma História do Ensino de Línguas no Brasil. Revista Entre Línguas (Digital), Unesp/Araraquara, v.1 n.2, p.197-204, jul./dez. 2015.

CARVALHO BATISTA, Marília. Pontos e Entrepontos: Apontamentos Cronológicos para uma Narrativa Histórica do Ensino de Língua Portuguesa como L1 em Ambiente Escolar no Brasil. Brasília: Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução, Universidade de Brasília, 2014, 255 fls. Dissertação de Mestrado.

HELB. Revista HELB. Disponível em: <http://www.helb.org.br/index.php/revista-helb>. Acesso em: 18 set. 2019.

______. Revista HELB, ano 1 nº 1, 2007. Disponível em: <http://www.helb.org.br/index.php/revista-helb/ano-1-no-1-12007>. Acesso em: 18 set. 2019.

______. Revista HELB, ano 2 nº 2, 2008. Disponível em: <http://www.helb.org.br/index.php/revista-helb/ano-2-no-2-12008>. Acesso em: 18 set. 2019.

______. Revista HELB, ano 3 nº 3, 2009. Disponível em: <http://www.helb.org.br/index.php/revista-helb/ano-3-no-3-12009>. Acesso em: 18 set. 2019.

______. Revista HELB , ano 4, nº 4, 2010. Disponível em: <http://www.helb.org.br/index.php/revista-helb/ano-4-no-4-12010>. Acesso em: 18 set. 2019.

______. Revista HELB, ano 5 nº 5, 2011. Disponível em: <http://www.helb.org.br/index.php/revista-helb/ano-5-no-5-12011>. Acesso em: 18 set. 2019.

______. Revista HELB, ano 6 nº 6, 2012. Disponível em: <http://www.helb.org.br/index.php/revista-helb/ano-6-no-6-12012>. Acesso em: 18 set. 2019.

______. Revista HELB, ano 7 nº 7, 2013. Disponível em: <http://www.helb.org.br/index.php/revista-helb/ano-7-no-7-12013>. Acesso em: 18 set. 2019.

______. Revista HELB, ano 8, nº 8, 2014. Disponível em: <http://www.helb.org.br/index.php/revista-helb/ano-8-no-8-12014>. Acesso em: 18 set. 2019.

______. Revista HELB, ano 9, nº 9, 2015. Disponível em: <http://www.helb.org.br/index.php/revista-helb/ano-9-no-9-12015>. Acesso em: 18 set. 2019.

______. Revista HELB, ano 10, nº 10, 2016. Disponível em: <http://www.helb.org.br/index.php/revista-helb/ano-9-no-9-12016>. Acesso em: 18 set. 2019.